OS MOTORES MODERNOS E A FORMAÇÃO DA BORRA NEGRA
Por Fábio S. Sardi
A evolução traz sempre vantagens. Nos motores ganhamos com maior precisão, economia de combustível, potência e menor emissão de poluentes, e, por incrível que pareça, tudo isso acompanhado da redução da cilindrada.
As montadoras reduzem o tamanho dos motores e incorporam novas tecnologias como injeção direta estratificada, comandos de válvulas variáveis, turbocompressor. Essa tendência de motores menores e mais potentes é conhecida por “downsizing”.
Nestes motores modernos os componentes sofrem maior carga de trabalho, representada pelas maiores rotações, temperatura de trabalho e taxa de compressão. Esse trabalho adicional exige muito mais de todos os componentes, inclusive do óleo lubrificante, que é parte vital para qualquer veículo.
Os lubrificantes atuais passaram por grandes avanços para suportar esta carga adicional de trabalho. Os sintéticos e semissintéticos, suas viscosidades 0w20, 0w30, 5w30, 5w40 e as classificações API SM, SN são a expressão destas mudanças.
Por isso, utilizar lubrificantes de tecnologia antiga em motores modernos pode ser muito prejudicial. O efeito mais comum desta prática é a formação da “borra negra”.
Os mecânicos sabem que a “borra negra” afeta gravemente boa parte da nossa frota, especialmente motores modernos. A borra é formada pela somatória de alguns fatores, e quero destacar os principais:
1. Uso do óleo inadequado. Exemplifico com o uso de um 20w50 API-SF em um Fiat Palio 2010, que especifica um 5W30 sintético. Primeiro esta viscosidade é muito alta para este veículo, e irá diminuir a velocidade de circulação do óleo no motor, atrapalhando a troca térmica. Por isso e pela sua aditivação menos avançada (SF), esse lubrificante irá “fritar” ao passar mais lentamente pelas partes quentes do motor, especialmente pelo cabeçote. Ao ser “frito” pelo calor excessivo e a baixa velocidade de circulação o lubrificante será craqueado, ou seja, sua formula será separada, e a parte composta por polímeros de origem plástica irá se depositar no motor. Esse depósito com o tempo irá invadir todas as galerias internas, causando entupimentos e provocando a quebra do motor, com alto custo de reparação.
2. Tempo excedido de troca. Assim como o uso do óleo inadequado, a troca muito estendida, mesmo com o uso do lubrificante correto, também provoca a formação da borra. Isso porque a partir do fim da vida útil dos compostos do óleo lubrificante, este vai perdendo gradualmente sua eficácia e também tende a se craquear, formando depósitos.
3. Combustível “batizado”. Esse sempre foi apontado como o único vilão na formação da borra, mas, acreditem, é menos importante que os outros dois citados acima. O combustível “batizado” não é totalmente queimado na câmara de combustão, e parte do que não foi queimado desce para o cárter, contaminando o óleo lubrificante, agindo como catalizador para a oxidação do lubrificante, que separa seus componentes e termina em forma de borra.
Portanto fugir da borra nos motores modernos não é nenhum desafio muito grande, basta utilizar o lubrificante correto, trocar no prazo estipulado pelo fabricante do motor e utilizar combustível de boa procedência.
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